segunda-feira, 29 de março de 2010

DAVI - Um homem segundo o coração de Deus

Pastor de ovelhas, combatente, compositor, cantor e rei, Davi é apontado na Bíblia como um homem que buscou tanto viver em sintonia com Deus quanto agradá-lo, a ponto de ser considerado, pelo próprio Deus, como um homem segundo o seu coração.

A vida de Davi nos mostra que Deus observa as pessoas não apenas e sua espiritualidade, mas também em suas funções e ofícios. Pessoas segundo o coração de Deus costumam ser trabalhadoras e responsáveis, ainda que estejam exercendo um ofício aparentemente sem grande reconhecimento. Mesmo tão novo, Davi deu mostras de que tinha grande responsabilidade na função que exerci, pois era um exímio pastor de ovelhas. Quando estava diante de Saul, ao se oferecer para enfrentar Golias, disse ao rei que matara um urso e um leão defendendo as ovelhas de seu pai.

A vida devocional de Davi também merece destaque. Ele não perdia uma oportunidade para adorar ao Senhor, cantar, compor salmos e festejar as vitórias que Deus lhe concedia. Certa vez, Davi celebrou ao Senhor pela vinda da Arca da aliança, e uma de suas esposas, Mical, filha de Saul, o desprezou em seu coração (2Sm 6.16). De forma curiosa, a Bíblia, nessa passagem, fala que Mical não teve filhos. Devemos ter cuidado para que uma vida sem adoração não nos torne pessoas estéreis.

Como Deus trata com o pecados de seus servos

A Bíblia trata de forma transparente sobre o erros daqueles que se relacionam com Deus. Davi ordenou o assassinato de um homem a fim de esconder seu próprio adultério, e isso já tendo outras mulheres. Quando houve um caso de incesto em seu lar, também não tomou nenhum atitude sobre essa situação, que culminou com a morte na família e a sua deposição temporária do reino de Israel. Deus repreendeu Davi de forma severa, não permitindo que a criança que nascera do adultério permanecesse viva. Após esse evento, como diz a Bíblia, a espada não se apartou da casa de Davi, e foi alto o preço pago pelo rei por não cuidar de sua família e não conter seus desejos sexuais. Deus não passa por cima dos pecados cometidos por seus servos, e julga nossas atitudes.

Diferente de seu antecessor, Saul, que não aceitava a repreensão nem mudada sua atitudes, Davi reconheceu seu erro, pediu a Deus o perdão necessário para sua vida. Há pessoas que são repreendidas pelo Senhor e ainda acham que estão certas naquilo que fizeram e que Deus tratou-as de forma injusta. Essa não é um atitude apropriada para aqueles que alegam ser segundo o coração de Deus. Se somos filhos, de acordo com Hebreus, devemos aceitar a repreensão do Senhor (Hb 12.5-8)

Fonte: Revista Ensinador Cristão

domingo, 21 de março de 2010

DAVI - Lugares Tranquilos

Por Ricardo Barbosa

A grande maioria da população mundial vive hoje nos grandes centros urbanos, nas megacidades, disputando um pequeno espaço que lhes proporcione um mínimo de conforto. Quando andamos pelas ruas dessas cidades ficamos impressionados com a quantidade de pessoas, carros, edifícios e barulho. Vemos homens e mulheres andando rapidamente por todas as direções; ouvimos vozes agitadas, nervosas e alegres, misturadas com outros ruídos do trânsito e das construções; sentimos odores variados de temperos e fumaças que congestionam as narinas. Nelas aprendemos a conviver com as enchentes e engarrafamentos, com o estresse da hora e dos inúmeros compromissos. Parece ser impossível viver nelas sem sentir-se ocupado, atrasado ou em falta com alguma coisa, mesmo sem saber com o quê. E nesse lugar que muitos vivem e passam seus anos numa correria intensa e desenfreada.

Os lugares onde muitos moram são minúsculos, apartamentos cada vez menores para dar lugar a outros tantos que vão entupindo nossas cidades. Saímos das ruas e escritórios aglomerados e entramos em nossas apertadas residências onde dividimos um pequeno espaço com outros que amamos. No final, depois de um dia cheio em lugares cheios, sentamos em frente à televisão para ver e ouvir os mesmos barulhos e agitos do dia que passou.

Para muitos é difícil encontrar, no meio de tudo isso, um lugar que se possa chamar de um lugar tranquilo, um lugar de repouso e descanso. No Salmo 23, Davi nos fala de um lugar tranquilo, às margens das águas de descanso, onde a alma é refrigerada e renovada. Com frequência ele nos fala dos lugares de refugio, das cavernas e esconderijos onde se abrigava a fim de renovar suas forcas e sua alma. A espiritualidade dos personagens bíblicos é construída em lugares onde com frequência paravam para orar, descansar e experimentar um novo toque da presença de Deus. Jesus mesmo convidava seus discípulos para um lugar à parte, fora do tumulto das multidões, para repousar. O mapa das viagens de Davi irá nos revelar uma infinidade desses lugares e altares que ele encontrou e construiu para recuperar-se das perseguições de Saul e do cansaço do seu coração.

Esses lugares são necessários para alimentar nossa alma. Precisamos deles, não para fugir do mundo, mas para compreendê-lo; não para nos afastarmos do trabalho e da rotina, mas para respondermos com mais responsabilidade a eles. Precisamos de um lugar onde a voz de Deus possa ser ouvida, um lugar onde o coração possa repousar. Fico pensando naquelas pessoas que passam a vida inteira procurando um lugar desses; como o filho pródigo, vivem longe de casa, cercados de gente, mas não de amigos; cheios de programas, festas, encontros e badalações, mas sozinhos; chega um dia em que olham para os lados e não encontram nenhum lugar seguro, nenhum canto para descansar.

Um lugar tranquilo não é necessariamente um espaço geográfico, uma ilha deserta ou uma pequena cabana no alto de uma montanha. É apenas um lugar onde nos encontramos com Cristo. Podemos transformar lugares hostis e barulhentos em pequenos momentos de oração e ações de graça. Um assento de ônibus, uma parada no trânsito, um intervalo entre reuniões, uma pausa no meio do dia. Quando aprendemos a criar esses espaços vazios, lugares que precisam ser preenchidos pela presença de Deus, nós os transformamos em lugares tranquilos. Nós nos sentimos cansados porque não sabemos parar, somos constantemente levados pela pressa dos outros, pela agenda dos que pensam que a vida é medida pelo acúmulo de bens ou compromissos que possuem. Às vezes chegamos a pensar que se pararmos o mundo não funcionará; nossa correria e agitação nos leva a pensar que a ordem do mundo depende de nossa agenda; não cremos mais num Criador.

No entanto, precisamos também dos lugares geográficos. Não me refiro à ilha ou à cabana, mas aos lugares onde se dão os nossos encontros. Precisamos dos jardins de oração ou dos desertos de solitude. Muitas vezes olhamos e percebemos que não temos nenhum lugar, nenhum pasto verdejante, nenhuma caverna de Adulão onde sabemos que poderemos repousar um pouco. Um lugar que preencha a nossa mente com os pensamentos de Deus, que envolva nossa imaginação com o amor que vem do Calvário. Quando nossas mentes são dominadas pêlos pensamentos e imaginações que nascem do medo, da incerteza, da desesperança, imaginações determinadas pêlos entendidos da economia e dos rumos da política externa, somos rapidamente tomados pela ansiedade e angústia tão comuns ao homem moderno. Davi, quando ainda era jovem, foi um dia levar pães e queijos para seus irmãos que se encontravam no campo de batalha. O cenário era de pânico e ansiedade. Do outro lado estava o exército dos filisteus, que tinha como arma o grande Golias, um gigante que duas vezes por dia desafiava e humilhava o povo de Deus. Ninguém tinha coragem para enfrentá-lo. Estratégias eram feitas e refeitas a todo tempo, mas ninguém arriscava dar o primeiro passo para lutar contra ele. Davi, diante do medo e da covardia dos seus irmãos, decide lutar. Rejeita a armadura que Saul, o rei, lhe havia oferecido e, em lugar disso, vai até o riacho, toma algumas pedras e, junto com sua funda, caminha em direção ao gigante. É uma cena de total implausibilidade. Ninguém acredita no que vê. Depois de umas quatro ou cinco voltas na funda, ele solta a pedra e derruba Golias.

Esta é uma história que demonstra bem a necessidade de cultivar esses lugares seguros e tranquilos. Davi vivia cuidando do rebanho de seu pai; ali ele compunha seus poemas, meditava na grandeza de Deus, contemplava sua majestade e poder. Sua mente era dominada pêlos pensamentos de Deus, o Deus que o havia ajudado a enfrentar leões e ursos. O vale de Ela, onde Golias ameaçava o povo de Deus, foi totalmente dominado por ele. Todos pensavam a partir de suas ameaças, seu poder e sua força; a imaginação de todo o povo era determinada por ele. Somente Davi, cujo coração havia aprendido a descansar em Deus e a ser dominado pêlos seus pensamentos, é que não se sujeitou aos gritos e à força de Golias. O mundo de Davi era dominado por Deus; ele o via a partir das suas profundas e verdadeiras experiências com o toque do amor e poder divinos. Ele foi o único que não se curvou diante do gigante.

Constantemente somos confrontados com os gigantes que nos ameaçam com seus gritos, força e poder. Com frequência nos vemos acuados, amedrontados, inseguros e ansiosos; toda a nossa mente e imaginação encontra-se dominada por eles. Andamos agitados, fazendo e refazendo contas, estratégias, buscando alguma saída. Precisamos aprender a parar, a buscar os lugares onde nossa alma encontre força, nossa fé é estimulada, nossa visão ampliada, porque na maioria das vezes a única realidade que conta é aquela que se encontra escondida, aquela que só nos é revelada nos encontros que temos com Deus. Os profetas viviam sob a sombra de promessas ainda não cumpridas, revelações ainda não concretizadas; mas estas eram as únicas realidades verdadeiramente reais. Eles contemplavam um mundo de paz e justiça em meio a grandes conflitos e desmandos, mas o que contemplavam era na verdade a única realidade. Não são os gigantes que determinam a realidade, é Deus. No entanto, essa realidade que pertence a Deus e aos seus olhos nos é revelada quando paramos para ouví-lo e conhecê-lo.

O mapa biográfico dos santos está repleto de lugares e altares onde se dão seus encontros com Deus; são os lugares seguros e tranquilos onde paramos para orar, ouvir, ser tocados e ter nosso coração e visão abertos para o mundo de Deus, um mundo que não é dominado pêlos gigantes, mas pelo Deus eterno.

Vamos juntos para um lugar tranquilo, a fim de orarmos e descansarmos.


Que Papai abençoe a todos
Missionário Adilson

sexta-feira, 19 de março de 2010

DAVI - Um pecado leva a outro

E Davi o convidou, e comeu e bebeu diante dele, e o embebedou (2 Samuel 11.13)

Ao cometer adultério com Bate-Seba, Davi pôs-se sobre grande pressão para tomar outras decisões, além daquela de ter relações sexuais com a mulher de outra pessoa. Davi não precisava mandar Urias, o marido dela, ir para casa dormir com Bate-Seba a fim de encobrir o que havia feito. Ele não precisava enganar Urias, seus oficiais e os comandantes do seu exército sobre o que estava realmente acontecendo. Ele não precisava liquidar Urias, um de seus melhores soldados. Mesmo assim, o primeiro erro moral de Davi colocou sobre ele uma enorme pressão para cometer outros, e foi exatamente isso que ele fez. Se tivesse se arrependido do seu pecado imediatamente, ele e os outros teriam sido poupados da dor dos erros seguintes.

É crucial parar e confessar nosso pecado ao invés de tentar encobri-lo. A descida de Davi pelo caminho do adultério levou-o (e aos outros) a pagar caro. Errou em pensar: "Eu já fiz isso, então posso fazer aquilo". Ele pensou que não tinha escolha, mas estava errado.

Quando você pecar, não pense: "Eu posso seguir adiante e tornar as coisas piores". Deus prefere que você volte antes que as coisas saiam realmente de controle — e Ele vai capacitá-lo a fazer isso, se você estiver disposto.

Admitir o seu pecado cedo e confessá-lo é melhor do que tornar as coisas piores com outros pecados.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Estudo diz que consumidores de pornografia são menos felizes

Achei interessante esta matéria e creio ser relevante para a juventude. Por isso a compartilho aqui.



As novas tecnologias dispararam a procura por pornografia, sobretudo na internet, segundo um estudo divulgado hoje que adverte para o impacto negativo nas relações, na produtividade e na felicidade entre consumidores desses produtos.

Estes são alguns dos custos sociais detectados pelo grupo de pesquisadores multidisciplinar do "The social cost of pornography: A statement of findings and recommendations", publicado pelo Instituto Witherspoon.

"Desde o começo da era da internet, as pessoas consomem mais pornografia do que nunca e seu conteúdo se tornou cada vez mais gráfico", afirmou a pesquisadora do centro Hoover Institution, Mary Eberstadt.

"Os que veem pornografia acreditam que sua vida sexual vai ser melhor, mas tem ejaculação precoce, mais disfunções e problemas para se relacionar", afirma Mary Anne Layden, coautora e diretora do programa de traumas sexuais e psicopatologia da Universidade da Pensilvânia.

Segundo Layden, a exposição em massa a conteúdos pornográficos leva a mudanças de crenças e atitudes sociais; por exemplo, se aumenta a insensibilidade com relação às mulheres, se reduz o apoio ao movimento de libertação feminina e se perde a noção de que estes conteúdos devem ser restringidos para menores.

Vários estudos, como o "Romantic Partners Use of Pornography; Its significance for Women" do médico A.J. Bridges, assinalam que a mulher que sabe que seu marido consome pornografia se sente traída e não confia no parceiro.

Os custos psicológicos a que fazem referência os autores em situações como esta podem desencadear outras consequências no casal, como o divórcio.

Segundo dados da Sociedade Americana de Advogados Matrimoniais, que inclui 1,6 mil profissionais de todo o país, 56% dos 350 casos atendidos em 2003 tinham relação com o interesse obsessivo de um dos parceiros por sites pornográficos.

O consumo contínuo desses produtos frequentemente acaba em alguma patologia, assinalou Layden. Ela lembrou que pela primeira vez o DSM 5, manual utilizado para fazer diagnósticos psiquiátricos, vai incluir como doenças as dependências de sexo e da pornografia.

Para os especialistas, o consumo de pornografia não é visto como um problema grave na sociedade. Por isso, eles reivindicam uma maior atenção sobre o assunto e pedem mais proteção, sobretudo para crianças e adolescentes.

Segundo Layden, "um software para bloquear as páginas com conteúdos pornográficos na internet não é suficiente", já que as crianças têm a seu alcance outros sites onde podem encontrar o código para desbloquear o filtro.

A pesquisadora exige à indústria do entretenimento que deixe de "fazer dinheiro ferindo crianças".

"A presença da pornografia na vida de muitos meninos e meninas adolescentes é muito mais significativa do que a maioria dos adultos acha", apontou. Layden lamenta que a pornografia "deforme o desenvolvimento sexual saudável dos jovens".

Para Eberstadt, é preciso "mudar o que socialmente não está visto como algo mau" e perceber o tema como algo que afeta a sociedade em seu conjunto. Dessa forma será possível criar um movimento contra a pornografia.

O Witherspoon é um centro de pesquisa independente que promove a aplicação dos princípios fundamentais do Governo republicano e, segundo seu site, trabalha para melhorar os fundamentos morais das sociedades democráticas.

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2010/03/17/estudo+diz+que+consumidores+de+pornografia+sao+menos+felizes+943
0739.html


Que Papai abençoe a todos
Missionário Adilson

segunda-feira, 15 de março de 2010

DAVI - Uma amizade preciosa

Vai-te em paz, porque nós temos jurado ambos em nome do Senhor (1 Samuel 20.42).

Davi e Jônatas tinham uma amizade que os tornou pessoas fortes. Eles confiaram um no outro completamente e foram fiéis acima de todos os outros laços humanos.

Como se desenvolve tal amizade? Certamente de atrações que são profundamente pessoais, tão difíceis de explicar quanto a preferência pelo vermelho ao invés do azul. Mas "química" não sustenta esses laços. Eles vêm de uma fé em comum, uma missão singular e compartilhada, e da prática do ágape, a palavra do Novo Testamento para amor altruísta, que não guarda ciúme e busca o bem do outro acima de tudo.

Nós temos poucos amigos. Muitas pessoas não têm nenhum assim.

Dentre as muitas descrições de Deus através da Bíblia, sua amizade para conosco é apresentada firme e forte, do tipo ágape. Deus quer o melhor para nós, pois nos ama profundamente.

Uma das grandes dádivas de Deus para nós é a amizade. Devíamos fazer bons amigos e permanecer verdadeiros e fiéis a eles. Também devíamos conhecer Deus como um amigo. Ele fica conosco quando todos os outros nos deixam.

Desenvolva, proteja e alimente suas amizades dia após dia, especialmente hoje.

Um relacionamento pessoal com Deus através de Jesus Cristo é uma amizade intima caracterizada pela lealdade, amor e confiança.

terça-feira, 9 de março de 2010

DAVI - Treinando para nossa missão

Tu vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; porém eu vou a ti em nome do Senhor dos exércitos (1 Samuel 17.45).

Na luta mais famosa da história, Davi cumpre sua missão integralmente. Essa devia ser uma demonstração entre o poder secular e espiritual, o vencedor leva tudo.

Tudo mudaria se Davi entendesse mal a sua missão. "Por Deus, Golias, os meus irmãos assustados me colocaram nessa!" ou "Nós estamos filmando um anúncio para essa nova funda" ou "Vou ser um astro nacional se acertar o primeiro tiro". Nada disso faria sentido. Para entender sua missão, Davi precisava de uma história pessoal de oração, adoração e fé. Oração para desafiar com coragem o gigante. Adoração para saber que aquela era uma batalha espiritual, e fé bem exercitada para crer que podia ter êxito. Então, e só então, ele caminha das trincheiras para a planície.

Todos estamos engajados na batalha de Davi — a justiça contra a maldade. Nosso adversário é a mentira que aumenta as vendas, o beijo que viola votos, a concessão que transforma todas as afirmações da verdade numa salada mista. Davi sabia, talvez melhor do que ninguém, que a batalha espiritual decisiva tinha que ser enfrentada naquele dia, e que tinha que ser naquela hora. Ele estava pronto.
Você está?

Pela oração, adoração e prática da fé, treinamos para a missão que Deus coloca diante de nós.

A história de Davi está relatada em 1 Samuel 16 – 1 Reis 2. Davi também é mencionado em Amos 6.5; Mateus 1.1,6; 22.42-45; Lucas 1.32; Atos 13.22; Romanos 1.3 e Hebreus 11.32.


Fonte: 365 Lições de Vida Extraídas de Personagens da Bíblia. Michael Kendrick, CPAD.

sábado, 6 de março de 2010

LECTIO DIVINA - Lendo para transformação

Uma das grandes preocupações que envolvem a experiência espiritual hoje é o analfabetismo bíblico cada vez mais crescente nas novas gerações de cristãos. O desinteresse pela Bíblia é alarmante. Vivemos hoje aquilo que o profeta Jeremias profetizou dizendo: "Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas" (Jr 2.13). A espiritualidade moderna é nutrida por fontes cujas águas não são perenes. Daí a inquietação, o frenesi, a busca louca e insana por experiências que nunca satisfazem a alma. Precisamos voltar ao manancial perene de águas que satisfazem a sede do coração, uma fonte que jorra para sempre e nos liberta das cisternas rotas que secam e não satisfazem. Gostaria de propor um velho caminho para a leitura bíblica chamado "Lectio Divina", ou Leitura Devocional.

Leitura Devocional é uma forma disciplinada de devoção e não mais um método de estudo bíblico. Não me refiro aqui à leitura indutiva que fazemos quando procuramos investigar o texto bíblico, ou àquela onde buscamos respostas mais imediatas para os conflitos diários, nem mesmo à leitura de onde saem os sermões e estudos bíblicos. Pelo contrário, a Leitura Devocional nunca deve ser usada para algum propósito utilitário ou pragmático. É feita pura e simplesmente para conhecer a Deus, colocar-se diante da sua Palavra e ouvi-lo. Esta atitude de silêncio, reverência, meditação e contemplação define a postura de quem deseja aproximar-se da Palavra de Deus. O exemplo bíblico desta postura encontramos em Maria, irmã de Marta, que "quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos" (Lc 10.39), "enquanto sua irmã agitava-se de um lado para o outro, ocupada em muitos serviços" (Lc 10.40). Há na Bíblia muitos outros exemplos de devoção, de pessoas que simplesmente se punham diante do Senhor, sem esboçar uma única palavra, sem apresentar um único pedido, apenas ouvindo, meditando e contemplando.

O Rev. Eugene Peterson chama essa leitura de "exegese contemplativa". Para ele, trata-se de uma leitura bíblica usada pela igreja em toda a sua história. A exegese contemplativa não diminui o lugar da exegese técnica e teológica; no entanto, nenhuma técnica produz alimento ou cura, assim como nenhuma informação produz conhecimento. Segundo ele, existe algo vivo em um livro, algo mais do que palavras ordenadas: existe uma alma. A redescoberta da exegese contemplativa começa com a percepção de que toda palavra é basicamente e originalmente um fenômeno sonoro e não impresso. Palavras são faladas antes de serem escritas, são ouvidas antes de serem lidas. As palavras de Jesus que ficaram e que são necessárias para nossa salvação são aquelas que foram ouvidas, saboreadas, digeridas, repetidas e pregadas, num processo dinâmico envolvendo a comunidade dos crentes. "Lectio Divina" é uma leitura para transformação.


São quatro os estágios por que passamos ao nos dedicarmos à Leitura Devocional: leitura, meditação, oração e contemplação. Cada um nos conduz inevitavelmente ao outro. A leitura, quando feita repetidamente e com reverência, conduz à reflexão, que muitas vezes vem acompanhada de uma visualização da cena bíblica. Por exemplo, podemos tomar o conhecido Salmo 23 e deixar que por algum momento nossa mente crie uma imagem do pasto verdejante e tranquilo para onde o pastor leva suas ovelhas. Esta atitude de permitir que o texto nos conduza imaginativamente é o que os antigos chamavam de meditação. Se nos encontramos tensos, apressados, buscando alguma resposta urgente; se a Leitura Devocional é algo que precisa ser feito como mais um item em nossa apertada agenda diária, perdemos o significado da devoção que nos leva à meditação. Quando Maria, mãe de Jesus, ouviu as palavras dos pastores sobre o que viram e ouviram acerca do Messias, diz o texto que ela "guardava todas estas palavras, meditando-as no coração" (Lc 2.19). Penso que Maria ficou ali, quieta, em silêncio, procurando discernir e imaginar os caminhos do seu filho e a profundidade dos mistérios divinos.

A meditação no Salmo 23 (ou qualquer outro texto) produzirá um desejo de falar com o Pastor, de falar com Deus. Nosso coração e mente se moverão em direção ao Senhor que é o Bom Pastor, e este movimento do coração em direção a Deus é o começo da oração. Contemplação é o ponto alto da experiência de oração, é a profunda comunhão com Deus que nos envolve completamente e transforma nossa vida.

Para começar, separe trinta minutos cada dia. Encontre um lugar calmo e recolha-se para a leitura. Deixe de lado sua percepção crítica, acadêmica, analítica e coloque-se numa atitude de expectativa. Esta é uma postura que, normalmente, as pessoas- pragmáticas chamariam de "perda de tempo", porque não traz consigo nenhuma proposta objetiva. A Leitura Devocional é uma forma de absoluta submissão, de deixar acontecer. Deus nos conduzirá e definirá sua própria agenda. Nunca saberemos ao certo aonde a prática da leitura nos conduzirá. De certa forma, nós entregamos toda a necessidade de controle sobre o texto, e permitimos que Deus nos conduza livremente para o encontro com ele.

Todo relacionamento pessoal requer tempo, esforço e atenção. A prática diária da Leitura Devocional estabelece um padrão que se transforma na base para um relacionamento sério e profundo com Deus. Talvez por exigir tempo e uma abordagem não direcionada, objetiva, com resultados concretos, a Leitura Devocional não tem grande aceitação no mundo moderno, caracterizado pela sua praticidade, racionalidade, superficialidade, impessoalidade e urgência.

A Leitura Devocional pode também ser praticada publicamente. Na verdade, as pessoas aprendem melhor quando podem ver do que quando apenas ouvem ou lêem. O grupo pode ser o da Escola Dominical, ou um grupo familiar, ou mesmo o culto público numa igreja não muito grande. Convide as pessoas a fecharem os olhos e por alguns instantes, silenciosamente, invocarem a presença e auxílio do Espírito Santo. É necessário, porém, que antes mesmo da invocação da presença do Espírito Santo elas invoquem a sua própria presença. É muito comum chegarmos aos nossos encontros e reuniões com nosso espírito ainda muito agitado, inquieto e distante. Após um breve momento de silêncio e quietude, alguém começa a ler e repetir o texto bíblico calma e pausadamente, num tom sereno e tranquilo, dando sempre uma pausa entre uma sentença e outra levando o grupo a meditar e orar. Um texto que tenho usado com grande frequência é aquele do cego Bartimeu que ouve a pergunta surpreendente de Jesus: "Que queres que eu te faça?” (Lc 18.35-43). Normalmente, o grupo termina com uma oração respondendo pessoalmente a esta pergunta de Jesus.

É importante lembrar que, tanto na prática pessoal como no grupo, cada pessoa deve penetrar na narração como se fosse um personagem daquele relato. No caso do cego Bartimeu, como se fosse o próprio cego ou um dos discípulos de Jesus, ou mesmo um transeunte qualquer. É um exercício espiritual que requer um pouco mais de imaginação. Por isso, devemos deixar de lado nosso academicismo racional para uma abordagem mais afetiva e pessoal.

A prática desse exercício espiritual trará também grande influência nas nossas relações interpessoais, pois nos ajudará a ouvir melhor os outros, deixando que eles mesmos se revelem a nós e evitando a precipitação dos nossos juízos preconceituosos.

Ler a Bíblia não é sempre a mesma coisa que ouvir a Deus. Uma coisa nem sempre implica na outra. Ouvir a Deus exige uma postura, uma atitude diante de sua Palavra. A Leitura Devocional é uma forma de nos colocarmos diante de Deus e sua Palavra como quem de fato deseja ouvir, meditar, orar e contemplar. É dessa postura que nasce, não apenas o prazer pela Palavra de Deus, mas também a experiência transformadora do poder da graça divina.

Fonte: Janelas para a vida. Ricardo Barbosa - Encontro Publicações


Que Papai abençoe a todos
Missionário Adilson