domingo, 14 de dezembro de 2014

Crônica: A Chama de Gelo

A Chama de Gelo


     Centenas de anos após o marco da mudança no mundo. Alguns camponeses ainda traziam consigo algumas lamparinas, cada um levando a sua, como que algo indispensável. Lamparinas essas que possuíam cor de fogo, um vermelho intenso que ardia um sentimento de mudança, de esperança e de salvação durante as noites escuras de inverno. Alguns deles já haviam esquecido de onde veio esse ensinamento de levar consigo as lamparinas para iluminar o caminho. Parecia algo natural, afinal viviam em um mundo onde a escuridão tomava quase todo a terra, seria óbvio ter algo que mostrasse a direção. Mas há um porém... não sabiam esses que para o caminho correto ser iluminado pela lamparina, era necessário que eles mantivessem o fogo aceso, o fogo vermelho, dado pelo criador das lamparinas.
      Depois que o tempo foi separado, entre velho e novo, o marco zero delimitou uma nova era. Essa é a era em que nos encontramos, a mesma em que o antigos camponeses viveram. E que compreenderemos melhor ao continuarmos com a história de nossos queridos e amados antepassados. 
      O tempo foi passando e a tradição de levar consigo uma lamparina foi passada entre as gerações seguintes, até chegar em nossa geração. O grande porém é que com o passar do tempo, o ensinamento inicial foi sendo esquecido pelos camponeses, logo, o fogo vermelho foi sendo trocado por um fogo azul gelo. Esse fogo azul gelo, dava a sensação que o caminho correto era o que estava sendo iluminado, então os camponeses e muitos que vivem entre nós, possuem a certeza que estão indo pro lado certo, porém esqueceram que nos primórdios da era das lamparinas, o ensinamento havia sido dado de que apenas o fogo vermelho guiaria os passos dos camponeses para terras calmas e fartas. 
      Hoje vivemos em tempos em que vidas tem sido perdidas, lamparinas tem sido esquecidas e deixadas de lado, homens e mulheres andam tateando no escuro achando que estão vendo muito além de um palmo de distância na certeza que correm para o alvo certo. Outros muitos confundem seu fogo gelo, achando ser o fogo vermelho e trilham um caminho diferente proposto pelo criador das lamparinas. 
       A pergunta que fica é: "Até quando nos enganaremos? Até quando nos afogaremos em nosso próprio entendimento e razão? Até quando confundiremos uma chama vermelha com uma chama de gelo? Até quando!?"