segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A IGREJA PRIMITIVA - parte 4

Padrões de Adoração.
Visto que os cristãos primitivos adoravam juntos, estabeleceram padrões de adoração que diferiam muito dos cultos da sinagoga. Não temos um quadro claro da adoração Cristã primitiva até 150 dC, quando Justino Mártir descreveu os cultos típicos de adoração. Sabemos que a igreja primitiva realizava seus serviços no domingo, o primeiro dia sa semana. Chamavam-no de "o Dia do Senhor" porque foi o dia em que Cristo ressurgiu dos mortos. Os primeiros cristãos reuniam-se no templo em Jerusalém, nas sinagogas, ou nos lares (At 2.46; 13.14-16; 20.7-8). Alguns estudiosos crêem que a referência aos ensino de Paulo na escola de Tirano (At 19.9) indica que os primitivos cristãos às vezes alugavam prédios de escola ou outras instalações. Não temos prova alguma de que os cristãos tenham construído instalações especial para seus cultos de adoração durante mais de um século após o tempo de Cristo. Onde os cristãos eram perseguidos, reuniam-se em lugares secretos como as catacumbas (túmulos subterrâneos) de Roma.
Crêem os eruditos que os primeiros cristãos adoravam nas noites de domingo, e que seu culto girava em torno da Ceia do Senhor. Mas nalgum ponto os cristãos começavam a manter dois cultos de adoração no domingo, conforme descreve Justino Mártir - um bem cedo de manhã e outro ao entardecer. As horas eram escolhidas por questão de segredo e para atender às pessoas trabalhadoras que não podiam comparecer aos cultos de adoração durante o dia.

- Ordem do Culto:
Geralmente o culto matutino era uma ocasião de louvor, oração e pregação. O serviço improvisado de adoração dos cristãos no Dia de Pentecoste sugere um padrão de adoração que podia ter sido geralmente adotado. Primeiro, Pedro leu as Escrituras. Depois pregou um sermão que aplicou as Escrituras à situação presente dos adoradores (At 2.14-36). As pessoas que aceitavam a Cristo eram batizadas, seguindo o exemplo do próprio Senhor. Os adoradores participavam dos cânticos, dos testemunhos ou de palavras de exortação (1Co 14.26).

- A Ceia do Senhor:
Os primitivos cristãos tomavam a refeição simbólica da Ceia do Senhor para comemorar a Última Ceia, na qual Jesus e seus discípulos observaram a tradicional festa judaica da Páscoa. Os temas dos dois eventos eram os mesmo. Na Páscoa os judeus regozijavam-se porque Deus os havia libertado de seus inimigos e aguardavam com expectação o futuro como filhos de Deus. Na Ceia do Senhor, os cristãos celebravam o modo como Jesus os havia libertado do pecado e expressavam sua esperança pelo dia quando Cristo voltaria (1Co 11.26). A princípio, a Ceia do Senhor era uma refeição completa que os cristãos partilhavam em suas casas. Cada convidado trazia um prato para a mesa comum. A refeição começava com oração e com o comer de pedacinhos de um único pão que representava o corpo partido de Cristo. Encerrava-se a refeição com outra oração e a seguir participavam de uma taça de vinho, que representava o sangue vertido de Cristo.
Algumas pessoas conjeturavam que os cristãos estavam participando de um rito secreto quando observavam a Ceia do Senhor, e inventaram estranhas histórias a respeito desses cultos. O imperador Trajano proscreveu essas reuniões secretas por volta do ano 100 dC. Nesse tempo os cristãos começaram a observar a Ceia do Senhor durante o culto matutino de adoração, aberto ao público.

- Batismo:
O batismo era um acontecimento comum da adoração cristã no templo de Paulo (Ef 4.5). Contudo, os cristãos não foram os primeiros a celebrar o batismo. Os judeus batizavam seus convertidos gentios; algumas seitas judaicas praticavam o batismo como símbolo de purificação, e João Batista fez dele uma importante parte de seu ministério. O NT não diz se Jesus batizava regularmente seus convertidos, mas numa ocasião, pelo menos, antes da prisão de João, ele foi encontrado batizando. Em todo o caso, os primitivos cristãos eram batizados em nome de Jesus, seguindo o seu próprio exemplo (Mc 1.10; Gl 3.27).
Parece que os primitivos cristãos interpretavam o significado do batismo de vários modos - como símbolo da morte de uma pessoa para o pecado (Rm 6.4; Gl 2.12), da purificação de pecados (At 22.16; Ef 5.26), e da nova vida em Cristo (At 2.41; Rm 6.3). De quando em quando toda a família de um novo convertido era batizada (At 10.48; 16.33; 1Co 1.16), o que pode significar o desejo da pessoa de consagrar a Cristo tudo quanto tinha.

- Calendário Eclesiástico:
O NT não apresenta evidência alguma de que a igreja primitiva observava quaisquer dias santos, a não ser sua adoração no primeiro dia da semana (At 20.7; 1Co 16.2; Ap 1.10). Os cristãos não observam o domingo como dia de descanso até ao quarto século de nossa era, quando o imperador Constantino designou-o como um dia santo para todo o Império Romano. Os primitivos cristãos não confundiam o domingo com o sábado judaico, e não faziam tentativa alguma para aplicar a ele a legislação referente ao sábado.
O historiador Eusébio diz-nos que os cristãos celebravam a Páscoa desde os tempos apostólicos; 1Co 5.6-8 talvez se refira a uma Páscoa cristã na mesma ocasião da Páscoa judaica. Por volta do ano 120 dC, a igreja de Roma mudou a celebração para o domingo após a Páscoa judaica enquanto a igreja Ortodoxa Oriental continuou a celebrá-la na Páscoa Judaica.

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