Vou Pescar
Pescaria, normalmente, é sinônimo de lazer e diversão. Ou então, de uma profissão, das mais antigas. Por sinal, a profissão de Pedro e da maioria dos sete discípulos que lhe respondem:
"Também nós vamos contigo". Talvez por isso, passe-nos desapercebido o drama de alma com que esse homem diz, singelamente, "vou pescar".
Passados aqueles momentos terríveis da crucificação, os discípulos estão tontos, perdidos, confusos, órfãos. A cabeça ainda zumbindo de imagens e lembranças dos últimos acontecimentos, das correrias, dos apertos, dos guardas agarrando Jesus, do beijo de Judas, dos açoites...
Pedro ainda carrega as marcas da sua covardia, de haver negado o Mestre. — E se eu tivesse enfrentado os guardas; e se eu tivesse cortado a orelha? Deixei Maria sozinha ao pé da cruz... Se eu pudesse me explicar... Encontrei Jesus algumas vezes, mas não é mais a mesma coisa; agora ele parece tão diferente...
Assim, Pedro e seus amigos, sem perceber, voltam ao local onde o viram pela primeira vez, o mar de Tiberíades. Ali estavam as coisas que eles, um dia, haviam deixado para trás. Ali estava a "normalidade", o descanso, a realidade, o acordar de um longo sono — estaca zero.
"Vou pescar" pode ser a atitude de muitos guerreiros de primeira linha, que, por algum motivo, se ferem e se perdem na escaramuça da luta cristã. Mas o texto nos mostra que não pescaram nada naquela noite. Que maré! Nada dá certo! Uma boa pescaria, agora, seria tão bom para o ânimo, para o ego, para o recomeço. Mas nada!
Na verdade, não há como voltar às redes. Não somos mais os mesmos. Nossa história não nos permite voltar a ser simples pescadores: pobres, anônimos e... felizes! Frustrado com o insucesso, Pedro nem percebe aquele que chega na praia, para lhe confirmar os pensamentos: "Pedro, amas-me? Então essas redes não fazem mais parte do seu mundo. Ficaram para trás. Vem, pastoreia as minhas ovelhas".
Fonte: www.amorese.com.br
Que Papai abençoe a todos
Missionário Adilson
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