A
Chama de Gelo
Centenas
de anos após o marco da mudança no mundo. Alguns camponeses ainda
traziam consigo algumas lamparinas, cada um levando a sua, como que
algo indispensável. Lamparinas essas que possuíam cor de fogo, um
vermelho intenso que ardia um sentimento de mudança, de esperança e
de salvação durante as noites escuras de inverno. Alguns deles já
haviam esquecido de onde veio esse ensinamento de levar consigo as
lamparinas para iluminar o caminho. Parecia algo natural, afinal
viviam em um mundo onde a escuridão tomava quase todo a terra, seria
óbvio ter algo que mostrasse a direção. Mas há um porém... não
sabiam esses que para o caminho correto ser iluminado pela lamparina,
era necessário que eles mantivessem o fogo aceso, o fogo vermelho,
dado pelo criador das lamparinas.
Depois
que o tempo foi separado, entre velho e novo, o marco zero delimitou
uma nova era. Essa é a era em que nos encontramos, a mesma em que o
antigos camponeses viveram. E que compreenderemos melhor ao
continuarmos com a história de nossos queridos e amados
antepassados.
O
tempo foi passando e a tradição de levar consigo uma lamparina foi
passada entre as gerações seguintes, até chegar em nossa geração.
O grande porém é que com o passar do tempo, o ensinamento inicial
foi sendo esquecido pelos camponeses, logo, o fogo vermelho foi sendo
trocado por um fogo azul gelo. Esse fogo azul gelo, dava a sensação
que o caminho correto era o que estava sendo iluminado, então os
camponeses e muitos que vivem entre nós, possuem a certeza que estão
indo pro lado certo, porém esqueceram que nos primórdios da era das
lamparinas, o ensinamento havia sido dado de que apenas o fogo
vermelho guiaria os passos dos camponeses para terras calmas e
fartas.
Hoje
vivemos em tempos em que vidas tem sido perdidas, lamparinas tem sido
esquecidas e deixadas de lado, homens e mulheres andam tateando no
escuro achando que estão vendo muito além de um palmo de distância
na certeza que correm para o alvo certo. Outros muitos confundem seu
fogo gelo, achando ser o fogo vermelho e trilham um caminho diferente
proposto pelo criador das lamparinas.
A
pergunta que fica é: "Até quando nos enganaremos? Até quando
nos afogaremos em nosso próprio entendimento e razão? Até quando
confundiremos uma chama vermelha com uma chama de gelo? Até
quando!?"